No atual momento de enfrentamento de uma pandemia, nunca antes vivida pela grande maioria das pessoas que hoje habitam o planeta e, até mesmo para os centenários que já haviam nascido quando da “Gripe Espanhola” – lembremos que o Japão é um país de muitos velhinhos, com mais de 100 anos – mas que, certamente, não devem se recordar do caos que aquela doença causou, muito se fala em gestão de crise, preservação de empregos, luta pela conservação das empresas.

Certo é que também há falas relevantes, tocantes e constantes sobre salvar vidas, ter solidariedade, amor ao próximo e esperança. Entretanto, duas palavras que fariam grande diferença no combate à COVID-19 pouco têm sido comentadas: ética e integridade.

Se empresas, governos e cidadãos agirem de forma responsável, ponderando valores, fazendo escolhas, que levem em consideração o bem comum, em suas relações com o seus compradores, fornecedores, governados, vizinhos, empregados e até mesmo com a família – esta, no auge da convivência, em razão do isolamento social – certamente não veremos escassez de comida, falta de EPI (equipamento de proteção individual), dificuldade de comprar materiais e insumos, desligamentos em massa, tão pouco aumento no número de pedidos de divórcios.

Com ética e integridade, os governos saberão manter a coerência no atendimento às normas de saúde ditadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e não vão pensar em levar vantagem do colapso nas economias que compram e vendem commodities; hospitais e postos de atendimento conseguirão garantir EPIs, desinfetantes e medicamentos para o tratamento dos doentes sem terem que se submeter a preços abusivos dos fornecedores; o elevador será usado com cautela para evitar-se o contágio nos condomínios; as prateleiras dos supermercados não vão faltar álcool em gel, nem papel higiênico; não haverá um aumento súbito no desemprego e cada integrante da família vai saber conviver consigo mesmo e também realizar atividades em conjunto, sem brigas.

Valores como a solidariedade, a honestidade e o respeito nunca foram tão caros, mas, não há dúvidas de que agir com integridade, ciente das consequências dos atos de cada um, num momento em que minutos podem fazer a diferença no socorro às vidas que padecem de uma doença que ceifa rápido, sem olhar classe social, conta bancária, ou grau de instrução, faria grande diferença nos dias de tensão e incertezas que ainda viveremos.